Todos sabemos que o divórcio é uma das maiores montanhas russas emocionais da vida, mas há um aspeto que muitas pessoas esquecem: o tribunal. E se há algo que pode fazer uma pessoa se sentir ainda mais nervosa do que a ideia de dar a notícia à família, é o terrível dilema de selecionar o que vestir. E cá estou eu, para dissipar a dúvida: “O que é que eu devo vestir para não parecer uma pessoa que acabou de sair da cama ou de uma noite de festa?”
O tribunal não é uma pista de dança, nem uma sala de estar, mas também não é necessário vestir-se para um funeral (não vamos exagerar). Entre a linha tênue do parecer profissional e não parecer que vai para uma despedida de solteiro, eis o meu guia descontraído, bordado com algumas linhas de humor para não cometer erros básicos. Se é para fazer história, que seja com classe!
O que não vestir
Fato de treino, não, o tribunal não é a sua sala de estar
Vamos lá, você encontra-se num processo de divórcio, não a fugir da polícia ou a correr para apanhar o 38 para a Pontinha. O uso de fato de treino em tribunal, devia de ter um artigo próprio no Código Penal. A não ser que tenha sido a sua última opção para sair de casa às 5 da manhã depois de uma maratona de séries. Não, não estamos a procurar conforto extremo aqui, apenas uma aparência de seriedade. E para ser honesta, o fato de treino tem credibilidade zero. Antes de começar a jogar já está a perder.
Festa de Verão e roupas que dizem “Eu fui a uma rave!”
O tribunal não é a discoteca do bairro. Não está a preparar-se para uma noite de festa. Nada de vestidos de lantejoulas, calças rasgadas ou aquele top sugestivo que grita a plenos pulmões: “Olhem para mim!”. O tribunal exige respeito e formalidade. Quer impressionar? Imponha respeito pelo seu próprio estilo o suficiente para que as pessoas não se questionem se é relações publicas num club noturno.
Roupas com mensagens excessivas, vamos lá, o tribunal não quer saber da sua revolta interior
Camisolas com slogans agressivos, tipo “É tudo culpa dele” ou “Fui traída, mas já não é novidade”, não são adequadas. O tribunal não vai achar piada. Mesmo que tenha tido um mês difícil e queira manifestar a sua dor, evite ser aquele tipo de pessoa que entra a gritar “Olha para mim, eu tenho uma opinião!”. O tribunal não está interessado nos seus sentimentos pessoais, apenas na sua argumentação. Se pretende expor a sua dor, faça-o com a sua interpretação e elegância e não com slogans provocadores.
O que vestir
Homens: a receita para o estilo sem parecer o noivo ou um agente imobiliário
O primeiro passo é simples: não se vista como um noivo no seu dia de casamento ou um agente imobiliário numa open house. O tribunal pede um visual neutro, mas não sem estilo. Um fato simples (nada de “fato de casamento” ou “fato de cantor de música popular”), uma camisa de cor suave e umas calças vincadas são suficientes para que todos saibam que você não está ali para brincar. Um toque de classe? Um relógio discreto, mas impositivo e não uma daquelas peças de relojoaria usadas pelo Batatinha num dia normal de trabalho.
Mulheres: elegância sem exageros
O tribunal não é uma gala de óscares nem uma praia de nudismo. Entre o minimalismo e o estilo, a chave é a sobriedade. Um blazer escuro, uma blusa de tons neutros e umas calças com corte elegante são a melhor aposta. Esta não é uma ocasião para brilhar como uma estrela de Hollywood. E, por favor, nada de decotes profundos ou saias tão curtas que alguém não possa confundir o tribunal com um bar de danças exóticas. O objetivo é transmitir credibilidade, não parecer que saiu de um desfile de moda de verão.
Maquilhagem: menos é mais
Em tribunal, a maquilhagem deve ser subtil, mas eficaz. Nada de tentar produzir um look de “contouring” digno de passarela. O batom vermelho? Talvez não seja a melhor ideia. Isso transmite mais “guerreira” do que “disposta a resolver diplomaticamente um divórcio”. Um look natural é a direção certa. Opte por uma base leve, um rímel suave (que não vai escorrer durante o depoimento), e um batom nude ou algo discreto. Se quiser adicionar um toque de personalidade, use um iluminador discreto, mas tenha cuidado para não parecer que está a preparar-se para ir para uma festa gótica depois da audiência.
Acessórios: o que usar e o que evitar
Ok, chegamos aos os acessórios. Lembre-se: você não vai fazer um desfile de moda. Relógios grandes? Não. Brincos gigantes? Também não. A única coisa que você necessita é de um bom relógio, uma pulseira simples ou, se for o caso, um anel discreto, mais pela simbologia, do que para causar impacto. O foco aqui não é no que você está a usar, mas na sua atitude. Se, por acaso, quer impressionar com alguma joia, opte por algo que seja discreto e nada de colares extravagantes que obriguem todos os presentes a socorrerem-se de óculos escuros, para evitarem os raios UV produzidos por tanto brilho.
Mantenha a calma e vista-se com classe
A moda pode até ser importante em alguns momentos da vida, mas no tribunal, quando está a meio de um processo de divórcio, o que conta é quem você é e como se apresenta. A roupa não vai salvar a sua causa, mas a forma como se apresenta em tribunal pode impactar a sua credibilidade. Antes de sair de casa observe-se atentamente, respire fundo desperte aquela vozinha que vive dentro da sua cabeça com um: “Sou poderosa(o) e estou preparada(o) para ir resolver a minha vida “. Mas, por favor, não se vista como se fosse para a praia.
Finalmente, o meu muito obrigado aos fashion blogs que segui nos últimos anos, eu sabia que um dia iria aplicar tudo o que aprendi com vocês.
Nota: Este texto apresenta-se como um simples exercício de entretenimento, sem qualquer pretensão de emitir juízos de valor ou de conduta.
Agosto 2025